Eleições 2012: de
verdadeiro, só o kibe do ovelha!
Nessa campanha que
passa, sem verso e sem refrão, diria que a solidão é quem mais garante voto.
Conteúdo não se vê, proposta já não existe, o eleitor está triste e o comício
sumiu. Não se pode fazer festa, o palanque está quebrado e o candidato fadado a
se fazer de abestado para encher o seu barriu.
O eleitor em silêncio
não sabe se vota ou chora, pra garantir seu sustento sai com bandeira na mão
fingindo que se reúne em tempos de solidão. Do outro lado da rua, chora o
menino de rua com o futuro garantido: vai trabalhar feito um burro, encher
fossa, subir muro e ver o corpo secar. A outra via que passa, grita, solta
aleluias, mas vai lhe deixar na rua após eleição passar.
Não existe mais aposta
nessa eleição sem sentido, bandido engole bandido, ladrão engana ladrão. Se o
candidato for sério e o eleitor desejar, serão chamados de tolos, pois é quase
um desaforo dizer que a proposta é séria, dizer que é contra a miséria, dizer
que ganha eleição sem um voto só comprar.
Não existe mais
esquerda, a direita ficou torta, o centro agora remonta uma bailarina tonta,
não sabe pra onde corre, cambaleia atrás de cargo, vive pedindo afago, mas só
vota se for pago. O coletivo sumiu nessas eleições imundas, cada um pensa no
seu, cada qual com sua funda. De verdade só existe dois pequenos solitários: o
kibe de arroz do ovelha e o tacacá da Raimunda.
Texto: César Félix – eleições
2012.
Fotografia: Clara Figueiredo
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