8 de outubro de 2012

Eleições 2012





Eleições 2012: de verdadeiro, só o kibe do ovelha!

Nessa campanha que passa, sem verso e sem refrão, diria que a solidão é quem mais garante voto. Conteúdo não se vê, proposta já não existe, o eleitor está triste e o comício sumiu. Não se pode fazer festa, o palanque está quebrado e o candidato fadado a se fazer de abestado para encher o seu barriu.

O eleitor em silêncio não sabe se vota ou chora, pra garantir seu sustento sai com bandeira na mão fingindo que se reúne em tempos de solidão. Do outro lado da rua, chora o menino de rua com o futuro garantido: vai trabalhar feito um burro, encher fossa, subir muro e ver o corpo secar. A outra via que passa, grita, solta aleluias, mas vai lhe deixar na rua após eleição passar. 

Não existe mais aposta nessa eleição sem sentido, bandido engole bandido, ladrão engana ladrão. Se o candidato for sério e o eleitor desejar, serão chamados de tolos, pois é quase um desaforo dizer que a proposta é séria, dizer que é contra a miséria, dizer que ganha eleição sem um voto só comprar.

Não existe mais esquerda, a direita ficou torta, o centro agora remonta uma bailarina tonta, não sabe pra onde corre, cambaleia atrás de cargo, vive pedindo afago, mas só vota se for pago. O coletivo sumiu nessas eleições imundas, cada um pensa no seu, cada qual com sua funda. De verdade só existe dois pequenos solitários: o kibe de arroz do ovelha e o tacacá da Raimunda.

Texto: César Félix – eleições 2012.
Fotografia: Clara Figueiredo

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