3 de setembro de 2011

A peste emocional

Não existe mais veneno agrícola, mudaram o nome para “defensivo” agrícola; Coceira virou alergia; trabalhador virou “colaborador”; roubalheira virou “esperteza e honestidade agora é “lerdeza”; desvio de dinheiro virou ajuste fiscal, liberdade virou infidelidade; criança feliz transformou-se em criança com distúrbio de Hiperatividade.

O mundo está doente de caráter, uma peste emocional tomou conta da humanidade.

As pessoas dizem que se amam, mas na primeira falta de dinheiro, o amor acaba.

As pessoas dizem que respondem a Deus, mas quando perguntamos: Quem é Deus? Elas não sabem.

As pessoas dizem que são amigas, mas brigam a primeira dívida.

As pessoas dizem que são responsáveis, mas não pagam a pensão do filho.

As pessoas dizem que estão apaixonadas, mas se mãe não aceitar elas não casam.

Pedem democracia e invadem países, pedem tolerância, mas criticam a diferença.

Dizem que são livres, mas trabalham como escravos.

Odeiam os pedófilos, mas desejam as primas.

São contra estupros, mas compram a mulher amada.

Fazem leis que garantem moradia para todos, mas não fazem reforma agrária.

Falam de saúde, mas só gastam com doenças.

As pessoas adoram arte, mas seus filhos devem estudar “direito”.

Dizem que devemos ouvir pelo menos “dois lados”, mas só publicam o lado que paga.

Democracia é quando eu falo, quando a outra fala é ditadura.

Certo estava Nelson Rodrigues: “E mais vale uma lesão pulmonar do que uma lesão de caráter, uma lesão de alma. As únicas doenças que realmente, me assustam são as morais.


Texto: César Félix

2 comentários:

  1. Grande Félix!
    É verdade que vivemos uma peste, em todos os sentidos. Uma peste silenciosa e inconsciente. Que não impossibilita de sair de nossas casas, mas acaba por paralisar totalmente nossa alma e pernas. E pior, faz com que todos nós agíssemos como se não tivéssemos sentimentos. Como fala CAMUS em A Peste: O SOL DA PESTE APAGA TODAS AS CORES E ESCORRAÇA QUALQUER ALEGRIA. Abraço. Leo.

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