Ela não precisou mais que vinte anos, bastava essa primavera e ela seria completa.
Mas quando fez vinte anos ela queria mais.
Aventurou-se como se tudo fosse a primeira vez, o beijo, o bar, o gozo e tinta no cabelo, roupa colorida, o namorado da amiga, o samba que seduz a vida, o arrepio, a passeata, a madrugada, a ressaca e a moral.
Ao inferno com a moral!
E ela viajou, aprendeu línguas, conheceu lugares, casou, separou, desejou filhos e arrependeu-se.
Trabalhou madrugadas, declamou Boudelaire, embalou crianças e foi ao teatro.
Viveu sessenta anos correndo atrás dos vinte.
Fez oitenta e poucos depois soprou velinhas de noventa e três.
Nunca encontrou o que procurava.
Tudo que fez após aos vinte era imperfeito.
viveu na incompletude, não admitia a perfeição.
Morreu completa,
aos vinte anos de idade.
Texto: César Félix
Fotografia: Karina Dias
Será que essa sou eu?
ResponderExcluirAmei!
Beijo de 20,
Yuri