Eu saí perdido pelas noites que não vivi esperando que mais uma vez a arte viesse me salvar.
Fui declamar um poema e já não me lembrei de nada.
Fui te escrever uma carta e perdi o endereço.
Fiquei bêbado, sem dinheiro e perdia mulher da minha vida.
Matei minha lembrança com o tempo e morri por todas as cidades que passei.
Sempre gostei de mulher ousada, talvez por minha timidez, sempre gostei de mulheres da boca grande, parece que a todo o momento querem te comer, sempre gostei de mulheres que pensam rápido, geralmente são surpreendentes.
Na vida quebrei mais amores que copos.
Ela não tinha vinte anos, mas aquelas duas baforadas de cigarro foram tão charmosas que eu me apaixonei pela fumaça.
Ela beijava tão bem quanto uma lésbica, marcou e sumiu, apareceu somente naquela noite, tinha a consistência dos amigos que amam o dinheiro, mentia como um poeta e era tão frágil quanto as amizade de baladas.
Naquela noite tudo que senti foi fragilidade, nunca fui seguro de sentimentos, o gosto e o desejo não eram mais que um sopro de acalanto, amores não correspondidos pelo corpo, respiro da alma de indecisos.
Perdi meus amores, enterrei minhas flores e o que mais dói é a vergonha de escrever o que faz doer.
Moribundo e sem poesia eu escuto a música que vem do último bar.
Mais uma cerveja, uma dança, uma caneta e estou salvo.
E mais uma vez a arte veio me salvar.
fotografia e texto: César Félix
Belas imagens e final surpreendente. Gostei!! Grande abraço gato félix!!
ResponderExcluirguara