7 de outubro de 2010

Com os olhos no ontem para não chorar

Era assim que minha alma despedaçava

Eu escrevia as cartas que fingiam dor

Era assim que eu chorava quando te perdia

Maltratado inverno escondia a flor



Beijava a menina que esperava sonhos

Beijava a mãe que dividia afeto

De mulher de amigo era sempre repleto

O temor de amiga é não ser descoberto

O que os poetas usam pra falar de amor



Isolado no espaço já não reconheço

Do tempo que passa somente obedeço

Das horas deixadas ficaram os laços

Dos beijos perdidos ficaram abraços

Tão frágeis abraços que hoje esqueço



São horas marcadas, bastante mordidas

Corpos suaveis que fazem nadar

Depois da vida vem o recomeço

Com os olhos no ontem para não chorar

Poesia: César Félix
Fotografia: Mauro Pinto

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